31 outubro 2006

Quem nasceu primeiro: o ovo ou a galinha?

Cientista britânico afirma que o ovo nasceu antes que a galinha.
O professor John Brookfield, especialista em genética da evolução da Universidade de Nottingham, na Inglaterra, acredita ter resolvido, de uma vez por todas, um dos mais antigos e populares enigmas da humanidade: quem nasceu primeiro, o ovo ou a galinha?

A informação está na edição de 26/05/2006 do jornal inglês The Times. Em resumo, o argumento é de que o material genético não se transforma durante a vida do animal. Portanto, a primeira ave que no decorrer da evolução se tornou o que hoje chamamos de galinha existiu primeiro como embrião no interior de um ovo.

Para Brookfield, a situação é clara. Ele explica que "o organismo vivo no interior do ovo tinha o mesmo DNA que o animal no qual ele se transformaria". Assim, ele assegura que "a primeira coisa viva que podemos qualificar sem medo de engano como membro dessa espécie é o primeiro ovo".

David Papineau, especialista em filosofia da ciência do King´s College de Londres, concorda: o primeiro frango saiu de um ovo. "É um erro" - segundo ele - pensar que o primeiro ovo de galinha foi um mutante produzido por pais de outra espécie. "Se dentro do ovo existe um frango, então é um ovo de galinha. Se um canguru pusesse um ovo, e dele saísse um avestruz, o ovo seria de avestruz e não de canguru", afirmou Papineau.

O jornal britânico refere ainda Charles Bourns, granjeiro e presidente de uma entidade do setor avícola, que quis contribuir para o debate. "Os ovos existiam antes de nascer o primeiro pintinho. Claro que talvez não se parecessem com os de hoje", disse ele.

29 outubro 2006

Rui Barbosa e o ladrão de patos: as eleições 2006


Hoje decidiremos o nosso futuro, pelo menos os próximos 4 anos. Mal-e-mal (ou como diria meu avô, malemá) acompanhamos os dois candidatos, cada qual com seu linguajar.

Após todos os discursos e acontecimentos, em quem acreditar, mais?! Qual é a língua da verdade, da sinceridade, da honestidade? Às vezes me lembro do Rui falando dos seus patos.

Abraço e bom voto!

Miro

“Diz a lenda que Rui Barbosa, ao chegar em casa, ouviu um barulho estranho vindo do seu quintal.Chegando lá, constatou haver um ladrão tentando levar seus patos de criação.
Aproximou-se vagarosamente do indivíduo e, surpreendendo-o ao tentar pular o muro com seus amados patos, disse-lhe:

- Oh, bucéfalo anácrono! Não o interpelo pelo valor intrínseco dos bípedes palmípedes, mas sim pelo ato vil e sorrateiro de profanares o recôndido da minha habitação, levando meus ovíparos à sorrelfa e à socapa. Se fazes isso por necessidade, transijo; mas se é para zombares da minha elevada prosopopéia de cidadão digno e honrado, dar-te-ei com minha bengala fosfórica bem no alto da tua sinagoga, e o farei com tal ímpeto que te reduzirei à qüinquagésima potência que o vulgo denomina nada.

E o ladrão, confuso, diz:
- Doutor, eu levo ou deixo os patos?
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Colaboração: Eduardo Oliveira

18 outubro 2006

Eleições 2006: Será possível que ninguém se toca?

Será possível que ninguém se toca?
Arnaldo Jabor
17/10/2006 02:49

Estamos vivendo um momento histórico delicadíssimo. As conquistas da redemocratização estão ameaçadas pelo projeto petista de poder. A agenda óbvia para melhorar o Brasil é um consenso entre grandes cientistas sociais. Varios prêmios Nobel concordam com nossos pontos essenciais de reforma política e administrativa, que fariam o País decolar. Mas, os despreparados sindicalistas e ex-comunas ignorantes têm um programa que nos levará a um retrocesso político trágico. Em pouco tempo, podemos ter volta da inflação, caos político, ruptura institucional - tudo na contramão das necessidades de modernização do País. Eles prometem medidas que nos jogarão de volta aos anos 50 ou para trás, pelo viés burro de um "socialismo" degradado num populismo estatizante: o lulismo. Enquanto isso, os cidadãos que comeram e estudaram, intelectuais e artistas cultos, os que bebem nos bares e lêem jornal ficam quietos. O Brasil está sendo empurrado para o buraco e ninguém se toca? O que vai acontecer com esse populismo-voluntarista-estatizante é óbvio, previsível, é "bê-a-bá" em ciência política. "Sempre foi assim...", se consolam. Mas, não. "Nunca antes", um partido montou um esquema secreto de "desapropriação" do Estado, para fundar um "outro Estado". O ladrão tradicional roubava em causa própria e se escondia pelos cantos. Os ladrões desse governo roubam de testa erguida, como em uma "ação revolucionária". Fingem de democratas para apodrecer a democracia por dentro. Lula topa tudo para ser reeleito. Ele usa os bons resultados da economia do governo FHC para fingir que governou. Com cínico descaso, ousa dizer que "estabilizou" a economia, quando o PT tudo fez para acabar com o Real, com a Lei de Responsabilidade Fiscal, contra tudo que agora apregoa como atos seus. Se reeleito, as chamadas "forças populares" (que ocupam os 30 mil postos no Estado aparelhado) vão permanecer nas "boquinhas", através de providências burocráticas de legitimação. As agências reguladoras serão assassinadas. Os sinais estão claros, com várias delas abandonadas e com notícias de que o PMDB já quer diretorias. O Banco Central perderá qualquer possibilidade de autonomia, como já rosnam os membros do "comitê central" do lulismo. A era Meirelles-Palocci será queimada, velho desejo de Dirceu e camaradas. Qualquer privatização essencial, como a do IRB por exemplo, será esquecida. A reforma da Previdência "não é necessaria" - dizem eles - pois os "neoliberais exageram muito sobre sua crise", não havendo nenhum "rombo" no orçamento. A Lei de Responsabilidade Fiscal será aos poucos desmoralizada por medidas atenuantes. Os gastos públicos aumentarão pois, como afirmam, "as despesas de custeio não diminuirão para não prejudicar o funcionamento da máquina pública". Nossa maior doença - o Estado canceroso - será ignorada. Voltará a obsessão do "controle" sobre a mídia e a cultura, como aconteceu no início do primeiro tempo. Haverá, claro, a obstinada tentativa de desmanchar os escândalos do chamado "mensalão", desde os dólares na cueca até a morte de Celso Daniel e Toninho do PT, como já insinuam , dizendo que são "meias verdades e mentiras, sobre supostos crimes sem comprovação...". Leis "chatas" serão ignoradas, como Lula já faz com a lei que proíbe reforma agrária em terras invadidas ilegalmente, "esquecendo-a" de propósito. Quanto ao MST, o governo quer mantê-lo unido e fiel, como uma espécie de "guarda pretoriana", a vanguarda revolucionária dos "aiatolás petistas", caso a crise política se agrave. Não duvidem, eles serão os peões de Lula. Outro dia, no debate, quando o Alckmin contestou Lula ao vivo, ouviu-se um "ohhhh!...." escandalizado entre eleitores, como se o Alckmin tivesse cometido um sacrilégio. Alckmin apenas atacou a intocabilidade do operário "puro" e tratou-o como um cidadão como nós, ignorando a aura de "ungido de Deus" de Lula, que os fanáticos intelectuais lhe pespegaram. Reagiram como diante de uma heresia, como se Alckmin tivesse negado a virgindade de Nossa Senhora ao lhe perguntar: "De onde veio o dinheiro?" Agora, sem argumentos diante dos escândalos inegáveis, os lulistas só agem pela fé. Lula sempre se disse "igual" a nós ou ao "povo", mas sempre do alto de uma "superioridade" , como se ele estivesse "fora da política", como se a origem pobre e a ignorância lhe concedessem uma sabedoria maior. Agressão é o silêncio cínico que ele mantém, desmoralizando as instituições pela defesa obstinada da mentira. Mas, os militantes imaginários que se acham "amantes do povo" pensam que Lula não precisa dizer a verdade; basta parecer. Alguns até reconhecem os crimes, mas "mesmo assim", votarão nele. Muitos têm medo de serem chamados de reacionários ou caretas. Há também os "latifundiários intelectuais": acadêmicos e pensadores se agarram em seus feudos e não ousam mudá-lo. Uns são benjaminianos, outros marxistas, outros hegelianos, gurus que justificam seus salários e status acadêmico e, por isso, não podem "esquecer um pouco o que escreveram" para agir. Mudar é trair, para ortodoxos. Ninguém tem peito de admitir a evidência inevitável de que só um "choque de capitalismo" destruiria nossa paralisia estatal, burocrática e patrimonialista, pois o mito da "revolução sagrada" é muito forte entre nós. Se há uma coisa que une esquerda e direita é o ódio à democracia (Bobbio). Os intelectuais dissimulados votarão em Lula de novo e dizem que "sempre foi assim" porque, no duro, eles acham que o lulo-dirceusismo estava certo sim, e que o PT e sua quadrilha fizeram bem em assaltar o Estado para um "fim revolucionário". Vou guardar este artigo como um registro em cartório. Não é uma profecia; é o óbvio, banal, previsível. Um dia, tirá-lo-ei do bolso e sofrerei a torta vingança de declarar: "Agora não adianta chorar sobre o chopinho derramado... Eu não disse?..."

05 outubro 2006

Caminho Suave


A maioria das pessoas alfabetizadas com mais de 30 anos guardam na lembrança um nome quase mágico: Caminho Suave. E todos, mesmo que alguns não se lembrem bem do nome, são gratos a Branca Alves de Lima, a idealizadora da cartilha que vendeu mais de 40 milhões de exemplares desde a sua criação.

A educadora Branca Alves de Lima morreu em 2001, aos 90 anos de idade, deixando uma legião de seguidores que acreditam que a alfabetização com cartilhas é mais simples do que a moda atual do construtivismo, além de funcionar muito bem.


Tendo concluído o curso Normal em meados da década de 40, a “professorinha” Branca foi, como era costume, lecionar na zona rural de algumas cidades do Estado de São Paulo, pois esse era o caminho para conseguirem “pontos” necessários para ingressar no magistério público estadual o que, em contrapartida, era também a forma de levar professoras diplomadas para aqueles pontos distantes.


O método de alfabetização da época era analítico e se baseava na memorização das letras, vogais e depois consoantes, e das sílabas, com as quais os aprendizes formavam palavras, frases e, posteriormente, usavam seus conhecimentos para fazerem “redações”. A jovem professora Branca percebeu a grande dificuldade que aquelas crianças tinham em “decorar” todo aquele conteúdo. Na época, ainda se usavam castigos corporais para os que não aprendesse, e com isso ela também não concordava.

Na tentativa de ajudar os alunos a memorizar as letras e respectivas sílabas, fez desenhos simples que continham a inicial de palavras chaves: o “a”, no corpo da abelha, o “e” na tromba do elefante, o “f” no cabo da faca, o “g” no corpo do gato e, assim por diante.

O sucesso foi total. Várias gerações puderam aprender o “c” do cachorro, o “b” da barriga e do bebê e toda a seqüência do alfabeto.

Assim, em 1947, nasceu a cartilha Caminho Suave, um caminho mais ameno e menos doloroso para ensinar meninos e meninas a ler e escrever. A primeira edição é de 1948, e por mais de 30 anos foi a principal arma de alfabetização do País. Existem exemplares da década de 80, quando sofreu várias modificações, tentando se adaptar ao novo método, e vários exercícios foram incluídos.

Em 1997 Brancas Alves de Lima fechou sua editora, surgida com o sucesso da sua cartilha. Na época, em uma entrevista, a professora disse: “Eles (o governo, o MEC e o Guia do Livro Didático, o Conselho Nacional de Educação, as secretarias de Educação etc.) estão projetando, quase decretando, que os alunos não usem mais cartilhas. Mas só ao final de várias décadas é que vai se chegar à conclusão se o construtivismo dá ou não resultados”.

Em 1995, a cartilha foi retirada do catálogo do MEC (portanto, não é avaliada), mas mesmo assim cerca de 10 mil exemplares são vendidos por ano. A editora Edipro, atual responsável pela produção da Caminho Suave, conta histórias como a do empresário paulista que comprou 50 cartilhas para presentear os amigos no Natal. A cartilha ainda é vendida para algumas escolas particulares e antigos professores que trabalham com alfabetização de jovens e adultos. Uma distribuidora também envia os livros para o Japão, que são usados por filhos de emigrantes.

Para muitos educadores, a vida de Branca Alves de Lima é a síntese de um dos principais males (se não o principal) da Educação brasileira: um enorme desrespeito dos gestores e das políticas públicas educacionais em relação aos professores e professoras, aos estudantes e suas famílias.
E a prova disso foi a dificuldade encontrada para levantar dados sobre a educadora. Nenhuma biografia foi encontrada, mostrando que, por mais relevante que tenha sido a participação de alguém, o novo chega não só para substituir o que é considerado velho.


Dr. Peschizza
Da: http://www.tribunaribeirao.com.br/

03 outubro 2006

Guilhotina: a máquina de matar


A guilhotina, por absurdo que pareça, derivou do projeto de um médico humanitário, o doutor Guilliotin, que enviou a recomendação da sua fabricação à Assembléia Nacional em 1789. Menos de três anos depois, uma máquina de matar em massa começou a ceifar vidas durante a revolução numa rotina que parecia não ter mais fim.

A primeira experiência

"Repleta teu cesto divino com cabeças de tiranos.../Santa Guilhotina, protetora dos patriotas,/Rogai por nós./Santa Guilhotina, calafrio dos aristocratas,/Protegei-nos!"
(Prece revolucionária, 1792-1794)

O alarde correu por toda a Paris. Que fossem à Place de Grève para assistir uma execução com uma nova máquina. Os bairros patriotas mobilizaram sua gente para vê-la ser experimentada num ladrão comum, um tal de Pelletier. Era o dia 25 de abril de 1792 quando a multidão começou a aglomerar-se em frente ao patíbulo. Sobre ele, lá em cima, coberto com um pano breado, estava o assustador artefato. Comentou-se que Samsom, o carrasco oficial da cidade, havia se exercitado antes em vários repolhos. A multidão calou-se. Traziam o condenado. A cabeça dele havia sido tosada para que os cabelos do pescoço não criassem embaraços ao cortante fio do cutelo. O verdugo estendeu o desgraçado numa prancha, amarrado, e soltou a alavanca que suspendia a lâmina. O aço, com traçado diagonal, despencou-se sobre a vítima com a rapidez do bote da serpente, um sucesso. No cesto, a cabeça saltou e parou. A multidão exclamou uníssona, fascinada pelo espetáculo e pelo horror.

O Doutor Guillotin

A máquina funcionava, a guilhotina começava a fazer história. Poucos na vida tiveram a infelicidade do doutor Joseph Ignace Guillotin, que teve a má sorte de ter seu nome associado à morte. Na verdade, era um cientista respeitado e um profissional de sucesso, dedicado à causa da saúde pública, considerado um emérito médico vacinador. Antes da Revolução de 1789, foi clínico do conde de Provence e indicado, graças a sua credibilidade, para participar da comissão que desmascarou a impostura de Mesmer, um aventureiro que encantou os ingênuos da época com suas experiências sobre o magnetismo animal.

Eleito representante do Terceiro Estado, tratou de apresentar um projeto que aplicava o princípio de Beccaria da uniformização das sentenças, afirmando que "les délits du même genre seront punis par le même genre de peine, quel que soient le rang de l'etat du coupable", "que os delitos do mesmo gênero serão punidos pelo mesmo gênero de pena, não importando a origem social do culpado". Para democratizar as penas de morte, Guillotin sugeriu a construção de um engenho para tal fim; "a mecânica tomba... a cabeça voa, o sangue jorra, o homem não existe mais." Por isso passou o resto da sua vida, morreu de carbúnculos em 1814, tentando inutilmente desassociar o seu nome do terrível engenho.

Veja mais em: http://educaterra.terra.com.br/voltaire/mundo/guilhotina.htm

01 outubro 2006

O Homem do Riquixá e as Eleições 2006

Se você é sensível para as coisas belas da vida, se comove quando vê um menino na chuva, vendendo balas, se você fica com raiva em saber que, provavelmente, o Lula vai ficar mais algum tempo pelas bandas; se você, pra falar francamente, é um manteiga, como eu: vai se comover com a história de um puxador de riquixá que se sente responsável pela viúva e órfão de seu mais antigo cliente, que morreu.

Nada a ver com as Eleições 2006: Favorito para vencer a disputa até poucos dias atrás, Lula enfrenta Alckmin (PSDB) na segunda etapa, em 29 de outubro.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) começou a perder votos em setembro, quando o escândalo da compra de um dossiê por assessores petistas presos pela Polícia Federal foi explorado à exaustão pelos oposicionistas. Como um refrão repetido a várias vozes, a pergunta “de onde saiu R$ 1,7 milhão para comprar o dossiê?” tomou conta de um embate desprovido de projetos de governo.

“Esta campanha foi de um vazio sem precedente”, escreveu o colunista Janio de Freitas (Folha de S. Paulo). Os principais adversários não se confrontaram. Lula se submeteu a duras entrevistas ao vivo em emissoras de TV, mas não foi aos três debates realizados. Desacreditado até por aliados, mas dono de uma persistência notável, Alckmin cresceu na faixa de 5 a 10 salários mínimos e disparou na Região Sul.

Quanto a O Homem do Riquixá - Toshiro Mifune tem uma interpretação inesquecível e o filme ganhou o Leão de Ouro, em 1958, no Festival de Veneza.
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Diretor: Hiroshi Inagaki/ Elenco: Hiroshi Akutagawa, Toshiro Mifune, Ichiro Arishima, Kenji Kasahara, Hideko Takamine.