22 julho 2016

07 abril 2016

A fonte tipográfica misteriosa

Ninguém parecia notá-lo ali: um homem sombrio que costumava repousar à beira da ponte Hammersmith (acima), nas noites de 1916, em Londres. E ninguém parecia notar que, durante essas visitas, ele estava jogando algo no rio Tâmisa. Algo pesado.
Ao longo de mais de cem viagens noturnas ilícitas, este homem cometia um crime: contra o seu parceiro, dono de metade do que era arremessado ao Rio Tâmisa; e contra ele mesmo, que motivou a criação daquilo que ele resolveu jogar fora. Este indivíduo venerável, fundador da lendária editora Doves Press e a mente por trás da fonte Doves, era um homem chamado T.J. Cobden Sanderson. E ele estava jogando dentro do rio as fontes de metal cuja criação ele supervisionou meticulosamente.
Sendo uma presença importante no movimento Arts and Crafts da Inglaterra, Codben Sanderson defendeu o trabalho manual contra a industrialização. Ele era brilhante e criativo, e de algumas maneiras, um ludita — porque ele acreditava que assim que morresse, a tipografia criada por ele seria vendida pelo sócio com quem ele brigava, para uso em impressoras industriais.
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Alfred, Lord Tennyson, Sete Poemas e Duas Traduções, Doves Press 1902.
Assim, noite após noite, ele deixava seu legado no rio, ferrando metade do trabalho do sócio e destruindo para sempre uma tipografia bela e lendária. Pelo menos era nisso que ele acreditava.

***

Depois de quase cem anos, em novembro do ano passado, um grupo de antigos funcionários do exército – que hoje trabalham para o Porto de Londres – se juntaram para descer ao fundo do Rio Tâmisa em busca de pequenos pedaços de metal, talvez centenas de milhares deles, que Cobden Sanderson jogou dentro do rio muitos anos atrás.
Eles fizeram isso a comando e custo de Robert Green, um designer que passou anos pesquisando e recriando a fonte perdida, que hoje está disponível no Typespec. Conforme Green me disse em uma conversa por telefone, o Porto de Londres hesitou em permitir que seu grupo de mergulhadores buscasse a tipografia perdida. “A preocupação deles era que eu fosse um sujeito maluco procurando por uma agulha em um palheiro e gastando um monte de dinheiro com isso”, disse rindo.
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Cortesia de Robert Green
Não é difícil entender como Green parecia maluco. Um civil oferecendo pagamento para que mergulhadores da cidade buscassem destroços nas profundezas lamacentas do Rio Tâmisa, talvez por semanas, procurando por pequeninos pedaços de metal que foram jogados lá por um designer ensandecido há mais de cem anos? É, parece bem maluco.
No final das contas, demorou apenas vinte minutos para que eles começassem a encontrar pedaços das fontes de metal.
Green passou anos pesquisando a história de Cobden Sandeson, usando psicologia forense para compreender os atos do homem que viveu cem anos atrás, estudando como e onde ele teria jogado as peças. Green limitou o local de busca em uma pequena porção do rio, e foi lá que os mergulhadores encontraram a maioria das peças. “Eles gostaram muito da ideia”, lembra Green. “Eles queriam encontrar algo, e encontraram”.
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Cortesia de Robert Green
Nos dois dias de mergulho, eles encontraram centenas de peças de tipografia, conforme documentado por Justin Quirk do The Sunday Times, que participou do mergulho. Mas não se tratava do conjunto completo. Green lembra que a Ponte Hammersmith foi alvo de dois bombardeios do Exército Republicano Irlandês, sendo que um deles fez as águas do rio atingirem ondas de quase 20 metros de altura, depois que uma mala carregando explosivos foi despejada próximo ao local onde foram arremessadas as peças de tipografia.
Por isso, as peças de metal poderiam ter se espalhado por outros lugares do rio. É também possível que algumas delas tenham sido incorporadas ao concreto que é derramado nos arredores da ponte para reparos.
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Foto por Dafinka/Shutterstock

***

Hoje, fontes tipográficas são basicamente pedacinhos de código binário em nossos computadores. Mas a era da fonte digital é nova, contando apenas com algumas décadas.
Cobden Sanderson e o sócio dele, Emery Walker, fundaram a Doves Press em 1900. Walker era um homem de negócios, com muitas preocupações no mundo, mas Cobden Sanderson era o perfeccionista criativo — um homem obcecado com autenticidade e arte. Juntos, eles comissionaram uma fonte para a imprensa deles, baseada na fonte Venetian do século XV. Isso significava ter de pagar um “cortador” para criar “punhos” de metal para cada letra da fonte — da qual uma matriz seria criada ao apertar uma peça de cobre no punho de metal. Depois, a fonte poderia ser inserida na matriz.
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Fotografia de Sam Armstrong, cortesia do Sunday Times
A fonte deles foi criada em 1899 e a dupla a usaria para criar belos livros encadernados à mão, e projetados com o equilíbrio perfeito entre trabalho manual e utilidade moderna. Cobden Sanderson era um pouco esnobe, no sentido de apenas querer permitir que as melhores literaturas fizessem uso da fonte dele – apenas “as mais belas palavras”. Eles imprimiram Paraíso Perdido. Eles imprimiram a Bíblia inglesa. Hoje, cópias destes livros são extremamente raras, e custam milhares de dólares em leilões.
Mas em pouco tempo, a Doves Press estaria em apuros. De acordo com informações da TypeSpec sobre a parceria, Walker queria fechar a empresa e dividir o metal — milhares de quilos dele — da tipografia entre ele e Cobden Sanderson, e cada um seguiria o próprio caminho depois disso.
Conforme explica o Sunday Times, eles chegaram a um acordo que Cobden Sanderson manteria a fonte até o momento de sua morte, e Walker seria o dono depois disso. Mas a ideia de que um trabalho feito por ele cairia nas mãos de Walker o horrorizava. Por isso, no decorrer dos anos seguintes, ele decidiu colocar um plano em ação – um plano que privaria Walker de receber a parte dele do acordo.
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Cortesia de Robert Green
“Ele levou alguns anos até decidir jogar a fonte fora: ele ruminou por anos se deveria fazer isso ou não”, diz Green. Ele escreveu sobre a possibilidade em longos diários (“ele seria considerado alguém que compartilha demais” hoje, conta), deixando para trás informações detalhadas sobre este tumultuado pensamento. No fim, ele decidiu que preferia destruir a fonte a vê-la feita em uma equivalência mecânica de sua versão original. “Ele se apaixonou pela ideia”, alega Green. Foi o próprio Cobden Sanderson quem disse: “Se Emery Walker quer encontrá-la, ele terá que mergulhar”.

***

Green passou anos pesquisando a tipografia da Dove Press — ele até a reprojetou, depois de milhares de desgastantes horas de pesquisa, e a publicou em 2013 como uma fonte digital chamada de Doves Type, que qualquer pessoa pode comprar.
No entanto, há mais ou menos um ano, ele começou a se perguntar se existiam destroços da tipografia que poderiam ser resgatadas do rio. “As pessoas diziam que ninguém nunca as encontrou”, ele diz. “Mas também não encontrei nenhum registro que alguém havia tentado procurar por elas”.
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A fonte atualizada, cortesia de Robert Green.
O que nos traz a uma ótima questão: por que motivo alguém procuraria por ela? O que a tornava tão especial, tão valiosa para ser salva?
A Doves Press era uma entidade única, mas, de algumas formas, espelha o que acontece nos dias de hoje no mundo do design. No início da era moderna, a Doves foi fundada para preservar uma arte que tinha centenas de anos de idade. Mas ela também estava destinada a fracassar, ficando marcada na história como uma excentricidade que morreu assim que impressoras mecânicas chegaram ao mercado. Ela valorizava algo acima de tudo: fazer as coisas à mão e com total dedicação.
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‘Oenone’, Alfred, Lord Tennyson, Sete Poemas e Duas Traduções, Doves Press 1902.
Para Green, que trabalhou no mundo do design desde que era jovem, a glorificação que o movimento Arts & Crafts dava a trabalhos feito à mão existe até hoje. “A revolução industrial os assustou”, ele diz sobre os designers daquele período, expondo como a digitalização desvalorizou o trabalho de designers até os dias de hoje. “Uma parte inteira da classe média é afetada”, diz. “O design gráfico está completamente desvalorizado. É muito difícil se manter sendo um designer”.
Métodos tradicionais estão novamente se popularizando. “As pessoas estão retomando a arte da impressão manual para se manter”, diz Green, mais ou menos como fizeram Cobden Sanderson e seus contemporâneos. Não só por causa da autenticidade que ela dá ao trabalho, mas também, diz Green, “porque é divertido”.

***

É estranho imaginar que um designer nascido cem anos depois de Cobden Sanderson reconstruiu o trabalho de vida dele.
E de alguma maneira, Green remedia a briga entre Cobden Sanderson e Emery Walker, o parceiro dele. Ao invés de vender as peças de metal da tipografia que ele resgatou do Rio Tâmisa, ele manterá metade e dará o restante para a Emery Walker Trust, entidade que transformou a antiga casa de Walker em um museu sobre o trabalho dele. Cem anos atrás, Cobden Sanderson disse que Walker teria que mergulhar para conseguir a parte dele do trabalho. Estranhamente, ele terá a metade que tem direito, graças à generosidade de Green.

30 março 2013

O café pendente



"O Café Pendente"

"Entramos em um pequeno café, pedimos e nos sentamos em una mesa. Logo entram duas pessoas:

- Cinco cafés. Dois são para nós e três "pendentes".

Pagam os cinco cafés, bebem seus dois e se vão. 

Pergunto:

- O que são esses “cafés pendentes”?

E me dizem:

- Espera e vai ver.

Logo vêm outras pessoas. Duas garotas pedem dois cafés - pagam normalmente. Depois de um tempo, vêm três advogados e pedem sete cafés:

- Três são para nós, e quatro “pendentes”.

Pagam por sete, tomam seus três e vão embora. 

Depois um rapaz pede dois cafés, bebe só um, mas paga pelos dois. Estamos sentados, conversamos e olhamos, através da porta aberta, a praça iluminada pelo sol em frente à cafeteria. De repente, aparece na porta, um homem com roupas baratas e pergunta em voz baixa:

- Vocês têm algum "café pendente"?

Esse tipo de caridade, apareceu pela primeira vez em Nápoles. As pessoas pagam antecipadamente o café a alguém que não pode permitir-se ao luxo de uma xícara de café quente. Deixavam também nos estabelecimentos, não só o café, mas também comida. Esse costume ultrapassou as fronteiras da Itália e se difundiu em muitas cidades de todo o mundo." 

Sugestão: Razões para acreditar

Fonte: Espiritualidade Escoteira 

https://www.facebook.com/espiritualidadeescoteirhttps://www.facebook.com/espiritualidadeescoteiraa

19 abril 2012

24 dezembro 2011

Natal digital


As formas de comunicacao evoluem, mas os sentimentos continuam os mesmos. Feliz Natal pessoal!

29 setembro 2011

KAIROS - edifício orbital, por Emanuel D. M. Pimenta

Em 10/set/2011, ocorreu na Costa Amalfitana, Itália, na Academia Holotopia – lugar descrito por Homero onde Ulisses encontrou as sereias, na Odisseia – a primeira exposição do projeto arquitetônico de Emanuel Pimenta, arquiteto e urbanista, para um edifício em órbita do planeta Terra: Kairos.

Kairos é um projeto arquitetônico para um edifício espacial, totalmente tensionado, feito com tecido antibalístico flexível, desprogramável, e aberto à sociedade civil de todo o mundo. Brevemente será lançado o livro "Kairos: Um Pássaro em Órbita do Planeta Terra", na Amazon.com e distribuído em praticamente todos os países. Em novembro também será lançado o filme sobre Kairos.
Há todas as informações em http://www.emanuelpimenta.net/kairos.html

16 setembro 2009

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15 agosto 2009

O Estatuto do homem - Thiago de Mello

Os Estatutos do Homem (ato institucional permanente)

A Carlos Heitor Cony

Artigo I
Fica decretado que agora vale a verdade.
agora vale a vida,
e de mãos dadas,
marcharemos todos pela vida verdadeira.

Artigo II
Fica decretado que todos os dias da semana,
inclusive as terças-feiras mais cinzentas,
têm direito a converter-se em manhãs de domingo.

Artigo III
Fica decretado que, a partir deste instante,
haverá girassóis em todas as janelas,
que os girassóis terão direito
a abrir-se dentro da sombra;
e que as janelas devem permanecer, o dia inteiro,
abertas para o verde onde cresce a esperança.

Artigo IV
Fica decretado que o homem
não precisará nunca mais
duvidar do homem.
Que o homem confiará no homem
como a palmeira confia no vento,
como o vento confia no ar,
como o ar confia no campo azul do céu.

Parágrafo único:
O homem, confiará no homem
como um menino confia em outro menino.

Artigo V
Fica decretado que os homens
estão livres do jugo da mentira.
Nunca mais será preciso usar
a couraça do silêncio
nem a armadura de palavras.
O homem se sentará à mesa
com seu olhar limpo
porque a verdade passará a ser servida
antes da sobremesa.

Artigo VI
Fica estabelecida, durante dez séculos,
a prática sonhada pelo profeta Isaías,
e o lobo e o cordeiro pastarão juntos
e a comida de ambos terá o mesmo gosto de aurora.

Artigo VII
Por decreto irrevogável fica estabelecido
o reinado permanente da justiça e da claridade,
e a alegria será uma bandeira generosa
para sempre desfraldada na alma do povo.

Artigo VIII
Fica decretado que a maior dor
sempre foi e será sempre
não poder dar-se amor a quem se ama
e saber que é a água
que dá à planta o milagre da flor.

Artigo IX
Fica permitido que o pão de cada dia
tenha no homem o sinal de seu suor.
Mas que sobretudo tenha
sempre o quente sabor da ternura.

Artigo X
Fica permitido a qualquer pessoa,
qualquer hora da vida,
uso do traje branco.

Artigo XI
Fica decretado, por definição,
que o homem é um animal que ama
e que por isso é belo,
muito mais belo que a estrela da manhã.

Artigo XII
Decreta-se que nada será obrigado
nem proibido,
tudo será permitido,
inclusive brincar com os rinocerontes
e caminhar pelas tardes
com uma imensa begônia na lapela.

Parágrafo único:
Só uma coisa fica proibida:
amar sem amor.

Artigo XIII
Fica decretado que o dinheiro
não poderá nunca mais comprar
o sol das manhãs vindouras.
Expulso do grande baú do medo,
o dinheiro se transformará em uma espada fraternal
para defender o direito de cantar
e a festa do dia que chegou.

Artigo Final.
Fica proibido o uso da palavra liberdade,
a qual será suprimida dos dicionários
e do pântano enganoso das bocas.
A partir deste instante
a liberdade será algo vivo e transparente
como um fogo ou um rio,
e a sua morada será sempre
o coração do homem.

Thiago de Mello
Santiago do Chile, abril de 1964

31 julho 2009

Resolução nº 1/1971 do TJ de São Paulo


- Criação de Serventias Registrais.

Após quase 40 anos da criação de mais 2 (dois) Ofícios de Registros de Imóveis na Capital do Estado de São Paulo, pela Resolução de nº 1 do Egrégio Tribunal de Justiça paulista, tomada no dia 29 de dezembro de 1971, pelo avanço do progresso, pela velocidade em que as coisas acontecem, pela urgência da transferência, modificação e criação de direitos, a população paulistana necessita de outros tantos.

Alguns Oficiais de Registros não acompanharam tal evolução; para ser claro, parece que pararam no tempo. Qualificar e registrar um único título pode levar 30 (trinta) dias, que é o tempo limite permitido pela Lei de Registros Públicos - outra também já ultrapassada, diga-se de passagem.

Seguindo a tradição, com a criação de pelo menos mais 2 (dois) Registros de Imóveis, os 19º e 20º (desmembrando-se alguns subdistritos) uma forte barreira será ultrapassada. Não quero aqui dar nome aos bois para não criar pânico, mas já há um forte rumor e trabalho sério, ao que se sabe, no sentido da criação desses novos Serviços Registrais.

No mínimo, a classe registradora, com a diminuição da receita de alguns de seus pares, certamente irá despertar para essa nova realidade. As coisas simplesmente acontecem; e acontecem não somente da noite para o dia, mas às vezes em horas. E a segurança jurídica necessita dessa resposta imediata.

Vide, por exemplo, o BacenJus e a mais moderna penhora online. Este clamor dos escritórios de advogados, imobiliárias, companhias securitizadoras, de créditos, bancos, factorings, particulares p. f. etc., já está ecoando nos corredores do TJ-SP.

Então, alguns Registradores devem deixar a advocacia para os advogados, a fé pública para os notários, as decisões para os magistrados e, efetivamente, desempenharem seus verdadeiros papéis de registradores. Evidentemente, sobrará mais tempo para se dedicarem à sua função, qualificando e registrando com seriedade, arrojo, profissionalismo e rapidez.


"Vejo que hoje, neste século que é a aurora da razão, ainda renascem algumas cabeças de hidra do fanatismo. Parece que seu veneno é menos mortífero e que suas goelas são menos devoradoras. O sangue não correu pela graça versátil como correu há muito tempo pelas indulgências plenárias, vendidas no mercado. Mas o monstro ainda subsiste e todo aquele que buscar a verdade arriscar-se-á a ser perseguido.

Deve-se permanecer ocioso nas trevas? Ou deve-se acender um archote onde a inveja e a calúnia reacenderão suas tochas? No que me tange, acredito que a verdade não deve mais esconder-se diante dos monstros e que não devemos abster-nos do alimento com medo de sermos envenenados." ( 'Início da Razão', in "O filósofo Ignorante", de VOLTAIRE)

02 fevereiro 2009

ALMA

Sei que eu não vou te convencer
e nem você vai me mudar
mas mesmo assim a gente vive
querendo provar e comprovar
seja como for, que deu certo o nosso amor.

É, bem melhor seria ver
que inda é tempo de parar
e que mais tarde
pode ser muto tarde
pra se recomeçar
que vai ser pior
isso tudo eu sei de cor.

Antes de andar com você
eu não era feliz
mas eu podia esperar e tentar,
eu podia sonhar
e eu procurei por você
por toda a minha vida
quando encontrei acertei, ou errei
eu só sei que não vou te convencer
e nem você vai me mudar
mas mesmo assim a gente vive
querendo provar e comprovar
seja como for, que deu certo o nosso amor.


(letra de Cacaso na belíssima composição de Eduardo Gudin).
- Comentário: Todo mundo deveria ouvir essa música (lp "Coração Marginal", de 1977 - Continental) e, depois, ver o casamento da letra do Cacaso (na voz de Márcia) no lp "Fogo Calmo das Velas" (de 1981, Continental): nunca vi uma combinação de tal nível; a música e a letra toca fundo, n´Alma.

05 novembro 2008

Gabriela - amizade etc.


G e n e r o s i d a d e
A m i z a d e
B e l e z a
R e a l e z a
I n t e l i g ê n c i a
E n c a n t o
L i b e r d a d e
A m o r

Gabriela, que o Sr. Jesus ilumine sempre o teu caminho.
Que haja luz na tua vida. Em todos os momentos.

Com carinho,

Silviano Floriano Fº

08 junho 2008

O Saci na Copa do Mundo 2014

Numa reunião ontem na Biblioteca Monteiro Lobato, nos lembramos de uma coisa: vem aí a Copa do Mundo (2014 tá longe, mas é bom começar logo) e com certeza os marketeiros e lobbistas vão querer inventar uma mascote besta que nem o tal de Cauê (aquele sol esquisito) dos Jogos Panamericanos. Que tal começarmos já uma campanha para que a mascote seja o Saci? Veja as vantagens: Primeiro, não seria preciso pagar direitos autorais a ninguém. No máximo, o que poderia ser feito é um concurso para cartunistas etc, para escolher o melhor desenho. E por que o Saci? - Ele é a síntese da formação do povo brasileiro: É o mito brasileiro mais popular, o único conhecido no Brasil inteiro (Boitatá, Curupira e mesmo a Iara requerem explicações quando a gente fala deles, em alguns lugares. O Saci não). É o típico brasileiro: mesmo pelado e deficiente físico, é brincalhão e gozador. E tem mais: - no início era um indiozinho protetor da floresta. Tinha duas pernas. - depois foi adotado pelos negros e virou negro. A perda de uma perna tem várias histórias. Uma delas é que ele foi escravizado, ficou preso pela perna, com grilhões, e cortou a perna presa. Preferiu ser um perneta livre do que escravo com duas pernas. É um libertário, então. - dos brancos, ganhou o gorrinho vermelho, presente em vários mitos europeus. O gorrinho vermelho era também usado pelos republicanos, durante a Revolução Francesa. Na Roma antiga, os escravos que se libertavam ganhavam um gorrinho vermelho chamado píleo. Só ná tem orientais nessa história porque eles chegaram mais tarde, já no século XX. Mas dizem que já foi visto um Saci de olhinhos puxados, no bairro da Liberdade, o Sashimi. Você pode entrar no sítio da Sosaci que tem um monte de histórias de gente que viu o Saci, inclusive esse Sashimi (é a quarta ou quinta história). Então, olha aí uma proposta, pedido, convocação ou sei lá o quê: entre nessa também. Se você topar, vai ser uma baita força. Ajude a divulgar esta idéia e, se tiver condições, escreva, fale com quem tem espaço na mídia para que declarem sua adesão nos jornais, revistas, rádio, TV, blogues etc. Já pensou o Saci em camisetas no mundo inteiro? Ele provocaria muito interesse dos outros povos para a cultura popular brasileira. Coisa que esses símbolos bestas (como o dos Jogos Panamericanos) não fazem. Um abração. Mouzar

09 janeiro 2008

Gabriela, meu amor

Gabi, Pedro e Júlia,
Saibam que o papai ama muito vocês.

04 outubro 2007

27 fevereiro 2007

Lei 11.441/2007 - Partilha Desequilibrada - Evicção

Caros amigos,

Saudações!

Realmente, que me perdoe o menos estudioso: há mais mistérios entre o céu e a terra do que sonha nossa vã filosofia; entretanto, o bom senso muitas vezes prevalece. Explico:

Nas vésperas de ser editada a lei de arrolamentos e divórcios extrajudiciais, numa roda de juristas de botequim, discutíamos sobre evicção de direito quando da partilha de bens, seja em decorrência de inventário ou da separação/divórcio. Tinha para mim que as partes deveriam ser advertidas da possibilidade de ser privada (tirada) daquele quantum que lhe tocou; o espanto era geral e a maioria acreditava que não caberia.

Ontem, manuseando um velho Silvio Venosa (edição de 1991) verifiquei que minha tese tinha fundamento: não estava sozinho. Nesse ponto sei que alguns poderão estar rindo ( o Miro acredita ter descoberto o ovo de Colombo…), mas, francamente, nesses últimos 25 anos de cartório não vi nenhum processo judicial, nenhumzinho, que garantisse ao herdeiro/ separando/ divorciando o direito de re-partilha no caso da evicção.

Quem tiver qualquer autor em casa poderá verificar, nos capítulos finais do curso sobre Direito das Sucessões, os comentários do Artigo 2.024 do novel Código Civil (antigo Artigo 1.802). Corri comprar um mais atualizado para conferir as “novidades” pós CC1916.

Em sua sexta edição (Atlas, 2006, v. 7), o douto Professor Silvio de Salvo Venosa diz que “feita a partilha, supõe-se que a igualdade tenha sido atingida. Por essa razão é que os artigos seguintes tratam da perda de algum bem hereditário por força da evicção.

“Se a perda do bem, por ato judicial, deveu-se à causa anterior à morte, ou à partilha, o herdeiro que recebeu esse bem não pode ser prejudicado. Todos devem suportar essa perda, uma vez que o conteúdo dessa atribuição desapareceu antes da abertura da sucessão.

E continua: “Daí a disposição (do art. em comento): “os co-herdeiros são reciprocamente obrigados a indenizar-se, no caso de evicção, dos bens aquinhoados”. Divide-se entre todos o prejuízo, já que o herdeiro que perde a coisa, não fosse essa regra, ficaria prejudicado, e a partilha prejudicada”. E segue com muitos detalhes, da indenização, do desconto, da insolvência dos co-herdeiros, do prazo prescricional etc.

“Concorrendo na herança com outros herdeiros, não pode (o herdeiro evicto) ser prejudicado pela má sorte (essa é a palavra-chave por mim utilizada quando da exposição etílica) de ter-lhe sido atribuído exatamente um bem nessas condições (a non domino)”.

Fica aqui, caros colegas, um tema para reflexão. Sem falsa modéstia, creio que esse assunto correrá a Rosa dos Ventos, ao menos esse é o meu desejo. Nesse interim, como de costume, ao menos aqueles que utilizarem os meus humildes serviços serão advertidos vez que a evicção poderá ser reforçada, diminuída ou excluída, conforme o estabelecido pelos interessados, sempre escudados pelos seus advogados.

Cordialmente,

Waldomiro Nogueira de Paula

18 janeiro 2007

Pessoas são mais importantes que patentes

MEDICAMENTOS
Boletim do
IDEC - 15 de Janeiro de 2007

Pessoas são mais importantes que patentes


A empresa farmacêutica Novartis está processando o governo indiano. Se a empresa vencer, milhões de pessoas de todo o mundo poderão perder suas fontes de medicamentos a preços acessíveis.

O Idec assinou hoje, 15 de janeiro, uma petição criada pela organização humanitária
Médicos sem Fronteiras (MSF), exigindo que a empresa farmacêutica Novartis abandone a ação contra a lei de patentes da Índia - que contém dispositivos para garantir que as pessoas sejam mais importantes que as patentes. O objetivo da Novartis é forçar uma mudança na lei indiana, impedindo restrições à concessão de patentes naquele país.


Há cinco anos, a Novartis foi uma das 39 empresas que processaram o governo sul-africano para evitar que ele importasse medicamentos para Aids mais baratos. Agora, a empresa tenta fazer o mesmo: impedir que as pessoas tenham acesso aos medicamentos de que necessitam. Como a Índia produz medicamentos essenciais para a vida de milhares de pessoas de países em desenvolvimento, a preços acessíveis, não é interessante para a grande farmacêutica que a situação continue dessa forma.

Medicamentos genéricos anti-retrovirais produzidos na Índia, por exemplo, são utilizados para tratar mais de 80% das 80 mil pessoas que recebem, atualmente, tratamento por meio de algum dos projetos de Aids do MSF. Caso a Novartis prossiga com o caso, os medicamentos essenciais terão mais chances de ser patenteados na Índia, restringindo, portanto, a produção de genéricos e mantendo preços altos principalmente para os remédios mais novos, dificultando tratamentos como o da Aids.

Para assinar a petição, acesse:
www.msf.org/petition_india/brazil.html.

16 janeiro 2007

Caput Mundi


Saudade de Roma:

O Templo de Júpiter, na parte sul do monte Capitolino (Campidoglio) era o centro do mundo romano. Um caminho em ziguezague a partir do Fórum levava ao templo, cenário de quase todas as cerimônias sagradas e políticas.


A colina e o templo simbolizavam a autoridade de Roma como capital do mundo, e o conceito de cidade "capital" originou-se no Campidoglio.

Esta magnífica praça, criação de Michelangelo, data do século XVI e ao seu redor encontram-se dois edifícios de três que formam os Museus Capitolinos.

11 janeiro 2007

Moncra e a Lei nº 11.441/2007

Parabéns, Ceschin, pela iniciativa!

Sua atitude me faz recordar um sempre bem-vindo Acórdão da lavra do Des. Luís de Macedo, então Corregedor Geral da Justiça e Relator na Apelação Cível apreciada pelo Colendo Conselho Superior da Magistratura de São Paulo, que dizia:

... Não se vislumbra em tal operação, como se acha proposta no título recepcionado, a intenção de burlar o regime de bens da comunhão parcial, mas a de aplicar todas as suas regras, inclusive aquelas excludentes ou exceptivas...

A Lei nº 11.441/2007 tem míseros três artigos explícitos que, em suma, dão o start para que os notários e as partes interessadas, assistidas de seus advogados (que no seu ministério privado, nos termos do § 1º do Artigo 2º do estatuto da OAB, prestam serviço público e exercem função social), possam levar a cabo as separações, divórcios, arrolamentos e a partilha de bens, cabendo a cada profissional zelar para o bom e fiel cumprimento da lei maior, ou seja: para se chegar ao fim almejado há que ser aplicada, caso a caso, cada regra do Direito, sob pena de a lei se tornar uma moncra (leia-se um monstro).

Parodiando um bom programa televisivo:- Ceschin é gente que faz!

Cordialmente,
Waldomiro

21 dezembro 2006

Poema de Natal

Para isso fomos feitos:
Para lembrar e ser lembrados
Para chorar e fazer chorar
Para enterrar os nossos mortos —

Por isso temos braços longos para os adeuses
Mãos para colher o que foi dado
Dedos para cavar a terra.

Assim será nossa vida:
Uma tarde sempre a esquecer
Uma estrela a se apagar na treva
Um caminho entre dois túmulos —

Por isso precisamos velar
Falar baixo, pisar leve, ver
A noite dormir em silêncio.

Não há muito o que dizer:
Uma canção sobre um berço
Um verso, talvez de amor
Uma prece por quem se vai —

Mas que essa hora não esqueça
E por ela os nossos corações
Se deixem, graves e simples.
Pois para isso fomos feitos:

Para a esperança no milagre
Para a participação da poesia
Para ver a face da morte —

De repente nunca mais esperaremos...
Hoje a noite é jovem; da morte, apenas
Nascemos, imensamente.
________________________________________
Vinicius de Moraes in: "Antologia Poética", Editora do Autor -
Rio de Janeiro, 1960, pág. 147.