13 dezembro 2023

Benção dos Anjos (Vede o pé do Ipê)

Domingo de manhã, um frio intenso marca a forte presença do inverno, ao que parece será mais rigoroso que nos anos anteriores. Pacientemente eu estou aguardando a presença do sol ao que parece timidamente escondido entre a densa neblina dessa manhã domingueira.

Saio de casa portando a minha câmera digital e desço na direção da Rua Nestor Samuel de Oliveira, busco o óbvio igual a tantas pessoas, fotografar a beleza exuberante da mais bela e simpática de todas as árvores da “Cidade Presépio”. Ipê Rosa, plantada na divisa do terreno da Escola Barão de Santa Branca, com a Rua Nestor Samuel de Oliveira. A beleza e a exuberância das flores da grande árvore encantam a todos que passam pelo local, a ponto de transformar-se num verdadeiro cartão postal a parceria entre a árvore e a escola que generosamente oferta a terra onde solidificam suas raízes.

A bem da verdade é que a famosa Escola Barão sempre foi palco das maravilhas da natureza. Do meu tempo de menino lembro que existia uma ala de cedrinhos que caprichosamente eram moldados na forma de muro divisório entre a ala do recreio e a horta que abastecia a cozinha no preparo da merenda escolar preparada pelas mãos mágicas da Dona Benedita Wenceslau. Nos fundos da escola reinava três palmeiras imperiais ao lado da gigantesca paineira impondo a sua altivez ao desabrochar as flores alvas como a névoa da manhã.

As árvores e os cedrinhos constantemente passavam pelas necessárias maquiagens e retoques dos amigos; Sebastião Siqueira Porto e o velho Chico Totó, funcionários da escola na época. Com o progresso e aumento da população escolar houve a necessidade da retirada dos cedrinhos para a construção de mais duas salas de aula anexas. O espaço ficou reduzido e a terra nua sem nenhum arbusto para ornamentar aquele pequeno pedacinho de chão. Foi então que outras mãos generosas fizeram a grande diferença.

A ex-aluna da Escola, Branca Nogueira na época exercendo as funções de servente escolar solicitou da Diretora permissão para plantar uma pequenina muda de “Ipê Rosa” no espaço vazio ao lado das salas de aula recém construídas. Permissão concedida tratou logo de plantar a tenra mudinha da árvore. Carinhosamente como um ato religioso, a amiga e protetora da árvore regava generosamente o solo ao redor a fim de mantê-la saudável.

O tempo passou, quando se deu conta a árvore debutava a sua primeira florada para alegria de todos! Hoje na altivez da sua maturidade a árvore generosamente expõe toda a sua rica vestimenta num espetáculo digno dos mais exigentes observadores. Ipê Rosa, Amarelo, Roxo ou outra cor que o valha mostra toda a magnitude da natureza em breve momento que lhe é permitido desfilar e mostrar toda beleza de uma verdadeira deusa da passarela. São poucos dias do show que somente as câmeras podem registrar e mostrar a qualquer tempo.

Depois da florada vem o tempo do recolhimento na humildade, meses de silencio até a chegada do novo espetáculo. Mas há que se pensar e homenagear além da natureza, as mãos amigas que generosamente plantam e semeiam sem nada cobrar da natureza, além da alegria de olhar um dia o resultado da feliz parceria: Homem e a natureza, convívio pacífico e generosa que começa com pequenos gestos.

Obrigado amiga “Branca do Telefone”, permita-me chamá-la pelo carinhoso apelido que você recebeu quanto atuava como telefonista auxiliando seu pai, o mestre “Joaquim do Telefone”, no velho casarão da Praça Ribeiro Leite, atualmente sede da Associação Esportiva Santabranquense. Se existe alguém que possa receber um sorriso e um gesto de agradecimento do famoso “Ipê Rosa” é você, aliás, dizem algumas testemunhas que já notaram quando você passa pelo local uma leve brisa sopra sobre as folhas da árvore rainha curvando-as em sua direção num gesto de reverência à doadora da vida que é você.

Prezada amiga Branca, eu fico a pensar se cada santabranquense plantasse uma árvore no quintal a nossa cidade realmente dentro de alguns anos faria jus ao título de “Cidade Presépio”, teríamos a qualquer tempo árvores florindo aqui e ali. Afinal a natureza é generosa e sábia ao retribuir com flores e frutos as pessoas que fincam suas raízes no solo fértil da mãe terra. Termino este artigo com um pedido especial as senhoras e senhores vereadores. Elaborar um projeto de Lei visando proteger pelo menos duas árvores símbolos da nossa cidade. “A centenária Mangueira da Santa Casa e o maravilhoso Ipê Rosa da Escola Barão”. Não custará nada aos cofres públicos e fará muito bem a natureza.

Com autorização do autor, Wilson Chaves, e originalmente publicado no jornal,
O Santabranquense, edição de 24 de junho de 2009.

12 dezembro 2023

Anticítera: o primeiro computador do mundo


Cientistas levaram um século para descobrir como funciona um equipamento usado pelos gregos há mais de dois mil anos. A engenhoca está sendo tratada como o primeiro antepassado do computador moderno (a verdadeira tecnologia 1.0).


Várias peças de bronze com inscrições misteriosas foram encontradas em 1901 dentro de um navio romano naufragado em Anticítera (Antikythera), na costa da Grécia. Desde então, os cientistas tentavam desvendar seu significado.

Eles descobriram que as peças formavam um mecanismo – batizado de Antikythera – que deveria funcionar dentro de uma caixa de madeira. Através de tomografias, os cientistas finalmente revelaram que o aparelho era um computador astronômico.

Girando o ponteiro da frente, as engrenagens de bronze se moviam e indicavam, com anos de antecedência, a data precisa de eclipses do sol e da lua. As inscrições também sugerem que era possível conhecer a posição dos planetas no céu.

As sociedades antigas davam muita importância à astronomia, porque ela regia a agricultura e os rituais religiosos.

Somente mil anos depois da invenção do mecanismo Antikythera, o homem foi capaz de criar outro aparelho tão complexo quanto este. Só na Idade Média cientistas conseguiram fazer máquinas tão complexas, que eram usadas como relógios de igrejas.
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Fonte: www.globo.com (29/11/2006)

10 dezembro 2023

A coragem de cobrar caro


"Se você acha que cobrar caro e ficar rico é politicamente incorreto, doe o adicional ou passe a trabalhar menos e volte para casa mais cedo para curtir sua família"

Meu médico me recebeu todo envergonhado pelo atraso de duas horas na consulta marcada.

"Doutor, eu não estou irritado pela espera porque o senhor é simplesmente o melhor médico do país, e eu não sou bobo. Prefiro esperar a consultar o segundo ou o décimo melhor especialista da área."

Isso o tranquilizou. "Eu só acho triste que o melhor médico deste país esteja cobrando o mesmo preço que os outros, tendo de trabalhar o dobro, sem tempo para estudar e ver a família. Eu, como palestrante que sou, cobro dez vezes o preço desta sua consulta, só que nunca chego atrasado."

Ele concordou e balbuciou a seguinte frase, que me levou a escrever este artigo. "Tenho medo de cobrar mais do que os meus colegas. Eles ficariam com inveja, falariam mal de mim, seria um inferno."

No Brasil, a maioria dos empregados e profissionais no fundo tem medo de pedir um aumento de salário ou de cobrar mais caro. Cobrar mais significa criar um cliente mais exigente, que irá reclamar toda vez que o serviço não corresponder ao preço. Cobrar menos é sempre a saída mais fácil, dá muito menos problemas, menos reclamações, como no meu caso. É preciso ter coragem para cobrar mais e assumir as responsabilidades inerentes. A maioria prefere o comodismo e a mediocridade do "preço tabelado". Só que, se cobrar o mesmo que os colegas menos competentes, você estará roubando clientes deles, e é isso que cria inveja e maledicência. Você estará fazendo "dumping profissional", estará sendo injusto com eles e consigo mesmo.

Eu sei que é difícil cobrar mais caro, mas alguém tem de dar o exemplo, mostrar aos outros profissionais o caminho da excelência, implantar novos padrões, como pontualidade, por exemplo. Você será o guru da nova geração, e a inveja que terão de seu novo preço fará com que eles passem a copiá-lo. E, à medida que seus colegas se aprimorarem, sua vantagem competitiva desaparecerá e você terá de reduzir o preço novamente ou então melhorar ainda mais seus serviços.

Somos essa sociedade atrasada porque, entre nós, cobrar caro, ganhar mais do que os outros é malvisto pelos nossos intelectuais, políticos, líderes religiosos e professores de sociologia. O paradigma de sucesso deles é cobrar pouco. Melhor ainda seria não cobrar, oferecendo de graça ensino, saúde, segurança, cultura, aposentadorias, remédios, comida, dinheiro, enfim. De graça, o povo não tem como reclamar dos péssimos serviços, os alunos desses professores não têm como criticar as péssimas aulas. "De cavalo dado não se olham os dentes." Se alguma coisa a história nos ensina é que o "tudo grátis" traz consigo a queda da qualidade dos serviços públicos, a desvalorização do serviço, o desprezo pelo povo nas filas, a exclusão social, a corrupção e a desmoralização de todos os envolvidos.

O programa Bolsa Escola foi criado no governo do PSDB como uma forma inteligente de incentivar as mães a manter os filhos nas péssimas aulas do ensino público. Quando o estímulo deveria ser aulas interessantes a que nenhum aluno curioso iria faltar. Nós administradores já descobrimos há tempos que refeições grátis para funcionários não são valorizadas, e a qualidade despenca. Por isso, cobramos algo simbólico, 10% a 20% de seu valor. Se o ensino fosse cobrado, em pelo menos 10% do valor, teríamos pais de alunos reclamando do péssimo ensino público e gerando pressão por melhoria e redução de custos. Dizer que nem isso dá para pagar é mentira – 10% não chegariam a 20 reais por mês. Tem muito pai que faria trabalho extra pelo orgulho de saber que foi ele quem custeou a educação dos filhos, e não a caridade estatal. Se temos falta de recursos em educação, por que não cobrar pelo menos 10% do valor? Seria falta de coragem ou simplesmente vergonha?

Precisamos mudar a mentalidade deste país, uma mentalidade que incentiva a mediocridade, e o medo de cobrar pelos serviços, por óbvias razões. Se você acha que cobrar caro e ficar rico é politicamente incorreto, como muitos professores têm ensinado por aí, doe o adicional pelo meu site www.filantropia.org ou então passe a trabalhar menos, volte para casa mais cedo e curta sua família. Mas não faça a opção pela pobreza, não tenha medo de cobrar cada vez mais. Caso contrário, continuaremos pobres e medíocres para sempre.
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Stephen Kanitz é formado pela Harvard Business School (www.kanitz.com.br)
(Revista Veja, 21/10/2006)

15 dezembro 2017

O Futuro da Ciência no Mundo


I Fórum da Unesco sobre Ciência e Cultura 

Ciência e as Fronteiras do Conhecimento: Prólogo do Nosso Passado Cultural 

Veneza, Itália, 3 a 7 de março de 1986

Em cooperação com a Fondazione Giorgi Cini, a UNESCO promoveu em Veneza Itália, de 3 a 7 de março de 1986, um Simpósio sobre "Ciência e as fronteiras do conhecimento: prólogo do nosso passado cultural". O Simpósio, que reuniu 19 participantes de todas as partes do mundo e de distintas especialidades, culminou com um documento que sintetiza as discussões havidas e que passou a ser conhecido como a

DECLARAÇÃO DE VENEZA


1. Estamos testemunhando uma importante evolução no campo das ciências, resultante das reflexões sobre ciência básica (em particular pelos desenvolvimentos recentes em física e em biologia), pelas mudanças rápidas que elas ocasionaram na lógica, na epistemologia e na vida diária mediante suas aplicações tecnológicas. Contudo, notamos ao mesmo tempo um grande abismo entre uma nova visão do mundo que emerge do estudo de sistemas naturais e os valores que continuam a prevalecer em filosofia, nas ciências sociais e humanas e na vida da sociedade moderna, valores amplamente baseados num determinismo mecanicista, positivismo ou hilismo. Acreditamos que essa discrepância é danosa e, na verdade, perigosa para a sobrevivência de nossa espécie.

 2. O conhecimento científico, no seu próprio ímpeto, atingiu o ponto em que ele pode começar um diálogo com outras formas de conhecimento. Nesse sentido, e mesmo admitindo as diferenças fundamentais entre Ciência e Tradição, reconhecemos ambas em complementaridade e não, em contradição. Esse novo e enriquecedor intercâmbio entre ciência e as diferentes tradições do mundo abre as portas para uma nova visão da humanidade e, até, para um novo racionalismo, o que poderia induzir a uma nova perspectiva metafísica.

 3. Mesmo não desejando tentar um enfoque global, nem estabelecer um sistema fechado de pensamento, nem inventar uma nova utopia, reconhecemos a necessidade premente de pesquisa autenticamente transdisciplinar mediante uma dinâmica de intercâmbio entre as ciências naturais, sociais, arte e tradição. Poderia ser dito que esse modo transdisciplinar é inerente ao nosso cérebro pela dinâmica de interação entre os seus dois hemisférios. Pesquisas conjuntas da natureza e da imaginação, do universo e do homem, poderiam conduzir-nos mais próximo à realidade e permitir-nos um melhor enfrentamento dos desafios do nosso tempo.

 4. A maneira convencional de ensinar ciência mediante uma apresentação linear do conhecimento não permite que se perceba o divórcio entre a ciência moderna e visões do mundo que são hoje superadas. Enfatizamos a necessidade de novos métodos educacionais que tomem em consideração o progresso científico atual, que agora entra em harmonia com as grandes tradições culturais, cuja preservação e estudo profundo são essenciais. A UNESCO deve ser a organização apropriada para procurar essa idéias.

 5. Os desafios de nosso tempo o risco de destruição de nossa espécie, o impacto do processamento de dados, as implicações da genética, etc. jogam uma nova luz nas responsabilidades sociais da comunidade científica, tanto na iniciação quanto na aplicação de pesquisa. Embora os cientistas possam não ter controle sobre as aplicações das suas próprias descobertas, eles não poderão permanecer passivos quando se confrontando com os usos impensados daquilo que eles descobriram. É nosso ponto de vista que a magnitude dos desafios de hoje exige, por um lado, um fluxo de informações para o público que seja confiável e contínuo e, por outro lado, o estabelecimento de mecanismos multi e transdisciplinares para conduzirem e mesmo executarem os processos decisórios.

 6. Esperamos que a UNESCO considere este encontro como um ponto de partida e encoraje mais reflexões do gênero num clima de transdisciplinaridade e universidade.

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Signatários: A. D. Akeampong (Ghana; físico-matemático); Ubiratan D’Ambrósio (Brasil; educador matemático); René Berger (Suíça, crítico de arte); Nicoló Dallaporta (Itália; físico); Jean Dausset (França; Prêmio Nobel de Medicina); Maitraye Devi (Índia; poetisa); Gilbert Durand (França; filósofo); Santiago Genovês (México; antropólogo); Akshai Margalit (Israel; filósofo); Yujiro Nakamura (Japão; filósofo); David Ottoson (Suécia; Presidente do Comitê Nobel de Filosofia); Abdus Salam (Paquistão; Prêmio Nobel de Física); L. K. Shayo (Nigéria; matemático); Ruppert Sheldrake (Inglaterra; bioquímica); Henry Stapp (USA; físico); David Suzuki (Canadá; geneticista); Susantha Goonatilake (Sri Lanka; antropologia cultural); Besarab Nicolescu (França; físico); Michel Random (França; escritor); Jacques Richardson (USA; escritor); Eiji Hattori (UNESCO; Chefe do Setor de Informações); V. T. Zharov (UNESCO; Diretor da Divisão de Ciências).

22 julho 2016

07 abril 2016

A fonte tipográfica misteriosa

Ninguém parecia notá-lo ali: um homem sombrio que costumava repousar à beira da ponte Hammersmith (acima), nas noites de 1916, em Londres. E ninguém parecia notar que, durante essas visitas, ele estava jogando algo no rio Tâmisa. Algo pesado.
Ao longo de mais de cem viagens noturnas ilícitas, este homem cometia um crime: contra o seu parceiro, dono de metade do que era arremessado ao Rio Tâmisa; e contra ele mesmo, que motivou a criação daquilo que ele resolveu jogar fora. Este indivíduo venerável, fundador da lendária editora Doves Press e a mente por trás da fonte Doves, era um homem chamado T.J. Cobden Sanderson. E ele estava jogando dentro do rio as fontes de metal cuja criação ele supervisionou meticulosamente.
Sendo uma presença importante no movimento Arts and Crafts da Inglaterra, Codben Sanderson defendeu o trabalho manual contra a industrialização. Ele era brilhante e criativo, e de algumas maneiras, um ludita — porque ele acreditava que assim que morresse, a tipografia criada por ele seria vendida pelo sócio com quem ele brigava, para uso em impressoras industriais.
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Alfred, Lord Tennyson, Sete Poemas e Duas Traduções, Doves Press 1902.
Assim, noite após noite, ele deixava seu legado no rio, ferrando metade do trabalho do sócio e destruindo para sempre uma tipografia bela e lendária. Pelo menos era nisso que ele acreditava.

***

Depois de quase cem anos, em novembro do ano passado, um grupo de antigos funcionários do exército – que hoje trabalham para o Porto de Londres – se juntaram para descer ao fundo do Rio Tâmisa em busca de pequenos pedaços de metal, talvez centenas de milhares deles, que Cobden Sanderson jogou dentro do rio muitos anos atrás.
Eles fizeram isso a comando e custo de Robert Green, um designer que passou anos pesquisando e recriando a fonte perdida, que hoje está disponível no Typespec. Conforme Green me disse em uma conversa por telefone, o Porto de Londres hesitou em permitir que seu grupo de mergulhadores buscasse a tipografia perdida. “A preocupação deles era que eu fosse um sujeito maluco procurando por uma agulha em um palheiro e gastando um monte de dinheiro com isso”, disse rindo.
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Cortesia de Robert Green
Não é difícil entender como Green parecia maluco. Um civil oferecendo pagamento para que mergulhadores da cidade buscassem destroços nas profundezas lamacentas do Rio Tâmisa, talvez por semanas, procurando por pequeninos pedaços de metal que foram jogados lá por um designer ensandecido há mais de cem anos? É, parece bem maluco.
No final das contas, demorou apenas vinte minutos para que eles começassem a encontrar pedaços das fontes de metal.
Green passou anos pesquisando a história de Cobden Sandeson, usando psicologia forense para compreender os atos do homem que viveu cem anos atrás, estudando como e onde ele teria jogado as peças. Green limitou o local de busca em uma pequena porção do rio, e foi lá que os mergulhadores encontraram a maioria das peças. “Eles gostaram muito da ideia”, lembra Green. “Eles queriam encontrar algo, e encontraram”.
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Cortesia de Robert Green
Nos dois dias de mergulho, eles encontraram centenas de peças de tipografia, conforme documentado por Justin Quirk do The Sunday Times, que participou do mergulho. Mas não se tratava do conjunto completo. Green lembra que a Ponte Hammersmith foi alvo de dois bombardeios do Exército Republicano Irlandês, sendo que um deles fez as águas do rio atingirem ondas de quase 20 metros de altura, depois que uma mala carregando explosivos foi despejada próximo ao local onde foram arremessadas as peças de tipografia.
Por isso, as peças de metal poderiam ter se espalhado por outros lugares do rio. É também possível que algumas delas tenham sido incorporadas ao concreto que é derramado nos arredores da ponte para reparos.
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Foto por Dafinka/Shutterstock

***

Hoje, fontes tipográficas são basicamente pedacinhos de código binário em nossos computadores. Mas a era da fonte digital é nova, contando apenas com algumas décadas.
Cobden Sanderson e o sócio dele, Emery Walker, fundaram a Doves Press em 1900. Walker era um homem de negócios, com muitas preocupações no mundo, mas Cobden Sanderson era o perfeccionista criativo — um homem obcecado com autenticidade e arte. Juntos, eles comissionaram uma fonte para a imprensa deles, baseada na fonte Venetian do século XV. Isso significava ter de pagar um “cortador” para criar “punhos” de metal para cada letra da fonte — da qual uma matriz seria criada ao apertar uma peça de cobre no punho de metal. Depois, a fonte poderia ser inserida na matriz.
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Fotografia de Sam Armstrong, cortesia do Sunday Times
A fonte deles foi criada em 1899 e a dupla a usaria para criar belos livros encadernados à mão, e projetados com o equilíbrio perfeito entre trabalho manual e utilidade moderna. Cobden Sanderson era um pouco esnobe, no sentido de apenas querer permitir que as melhores literaturas fizessem uso da fonte dele – apenas “as mais belas palavras”. Eles imprimiram Paraíso Perdido. Eles imprimiram a Bíblia inglesa. Hoje, cópias destes livros são extremamente raras, e custam milhares de dólares em leilões.
Mas em pouco tempo, a Doves Press estaria em apuros. De acordo com informações da TypeSpec sobre a parceria, Walker queria fechar a empresa e dividir o metal — milhares de quilos dele — da tipografia entre ele e Cobden Sanderson, e cada um seguiria o próprio caminho depois disso.
Conforme explica o Sunday Times, eles chegaram a um acordo que Cobden Sanderson manteria a fonte até o momento de sua morte, e Walker seria o dono depois disso. Mas a ideia de que um trabalho feito por ele cairia nas mãos de Walker o horrorizava. Por isso, no decorrer dos anos seguintes, ele decidiu colocar um plano em ação – um plano que privaria Walker de receber a parte dele do acordo.
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Cortesia de Robert Green
“Ele levou alguns anos até decidir jogar a fonte fora: ele ruminou por anos se deveria fazer isso ou não”, diz Green. Ele escreveu sobre a possibilidade em longos diários (“ele seria considerado alguém que compartilha demais” hoje, conta), deixando para trás informações detalhadas sobre este tumultuado pensamento. No fim, ele decidiu que preferia destruir a fonte a vê-la feita em uma equivalência mecânica de sua versão original. “Ele se apaixonou pela ideia”, alega Green. Foi o próprio Cobden Sanderson quem disse: “Se Emery Walker quer encontrá-la, ele terá que mergulhar”.

***

Green passou anos pesquisando a tipografia da Dove Press — ele até a reprojetou, depois de milhares de desgastantes horas de pesquisa, e a publicou em 2013 como uma fonte digital chamada de Doves Type, que qualquer pessoa pode comprar.
No entanto, há mais ou menos um ano, ele começou a se perguntar se existiam destroços da tipografia que poderiam ser resgatadas do rio. “As pessoas diziam que ninguém nunca as encontrou”, ele diz. “Mas também não encontrei nenhum registro que alguém havia tentado procurar por elas”.
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A fonte atualizada, cortesia de Robert Green.
O que nos traz a uma ótima questão: por que motivo alguém procuraria por ela? O que a tornava tão especial, tão valiosa para ser salva?
A Doves Press era uma entidade única, mas, de algumas formas, espelha o que acontece nos dias de hoje no mundo do design. No início da era moderna, a Doves foi fundada para preservar uma arte que tinha centenas de anos de idade. Mas ela também estava destinada a fracassar, ficando marcada na história como uma excentricidade que morreu assim que impressoras mecânicas chegaram ao mercado. Ela valorizava algo acima de tudo: fazer as coisas à mão e com total dedicação.
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‘Oenone’, Alfred, Lord Tennyson, Sete Poemas e Duas Traduções, Doves Press 1902.
Para Green, que trabalhou no mundo do design desde que era jovem, a glorificação que o movimento Arts & Crafts dava a trabalhos feito à mão existe até hoje. “A revolução industrial os assustou”, ele diz sobre os designers daquele período, expondo como a digitalização desvalorizou o trabalho de designers até os dias de hoje. “Uma parte inteira da classe média é afetada”, diz. “O design gráfico está completamente desvalorizado. É muito difícil se manter sendo um designer”.
Métodos tradicionais estão novamente se popularizando. “As pessoas estão retomando a arte da impressão manual para se manter”, diz Green, mais ou menos como fizeram Cobden Sanderson e seus contemporâneos. Não só por causa da autenticidade que ela dá ao trabalho, mas também, diz Green, “porque é divertido”.

***

É estranho imaginar que um designer nascido cem anos depois de Cobden Sanderson reconstruiu o trabalho de vida dele.
E de alguma maneira, Green remedia a briga entre Cobden Sanderson e Emery Walker, o parceiro dele. Ao invés de vender as peças de metal da tipografia que ele resgatou do Rio Tâmisa, ele manterá metade e dará o restante para a Emery Walker Trust, entidade que transformou a antiga casa de Walker em um museu sobre o trabalho dele. Cem anos atrás, Cobden Sanderson disse que Walker teria que mergulhar para conseguir a parte dele do trabalho. Estranhamente, ele terá a metade que tem direito, graças à generosidade de Green.

30 março 2013

O café pendente



"O Café Pendente"

"Entramos em um pequeno café, pedimos e nos sentamos em una mesa. Logo entram duas pessoas:

- Cinco cafés. Dois são para nós e três "pendentes".

Pagam os cinco cafés, bebem seus dois e se vão. 

Pergunto:

- O que são esses “cafés pendentes”?

E me dizem:

- Espera e vai ver.

Logo vêm outras pessoas. Duas garotas pedem dois cafés - pagam normalmente. Depois de um tempo, vêm três advogados e pedem sete cafés:

- Três são para nós, e quatro “pendentes”.

Pagam por sete, tomam seus três e vão embora. 

Depois um rapaz pede dois cafés, bebe só um, mas paga pelos dois. Estamos sentados, conversamos e olhamos, através da porta aberta, a praça iluminada pelo sol em frente à cafeteria. De repente, aparece na porta, um homem com roupas baratas e pergunta em voz baixa:

- Vocês têm algum "café pendente"?

Esse tipo de caridade, apareceu pela primeira vez em Nápoles. As pessoas pagam antecipadamente o café a alguém que não pode permitir-se ao luxo de uma xícara de café quente. Deixavam também nos estabelecimentos, não só o café, mas também comida. Esse costume ultrapassou as fronteiras da Itália e se difundiu em muitas cidades de todo o mundo." 

Sugestão: Razões para acreditar

Fonte: Espiritualidade Escoteira 

https://www.facebook.com/espiritualidadeescoteirhttps://www.facebook.com/espiritualidadeescoteiraa

19 abril 2012

24 dezembro 2011

Natal digital


As formas de comunicacao evoluem, mas os sentimentos continuam os mesmos. Feliz Natal pessoal!

29 setembro 2011

KAIROS - edifício orbital, por Emanuel D. M. Pimenta

Em 10/set/2011, ocorreu na Costa Amalfitana, Itália, na Academia Holotopia – lugar descrito por Homero onde Ulisses encontrou as sereias, na Odisseia – a primeira exposição do projeto arquitetônico de Emanuel Pimenta, arquiteto e urbanista, para um edifício em órbita do planeta Terra: Kairos.

Kairos é um projeto arquitetônico para um edifício espacial, totalmente tensionado, feito com tecido antibalístico flexível, desprogramável, e aberto à sociedade civil de todo o mundo. Brevemente será lançado o livro "Kairos: Um Pássaro em Órbita do Planeta Terra", na Amazon.com e distribuído em praticamente todos os países. Em novembro também será lançado o filme sobre Kairos.
Há todas as informações em http://www.emanuelpimenta.net/kairos.html

16 setembro 2009

-SHIR_LAMAALOT

15 agosto 2009

O Estatuto do homem - Thiago de Mello

Os Estatutos do Homem (ato institucional permanente)

A Carlos Heitor Cony

Artigo I
Fica decretado que agora vale a verdade.
agora vale a vida,
e de mãos dadas,
marcharemos todos pela vida verdadeira.

Artigo II
Fica decretado que todos os dias da semana,
inclusive as terças-feiras mais cinzentas,
têm direito a converter-se em manhãs de domingo.

Artigo III
Fica decretado que, a partir deste instante,
haverá girassóis em todas as janelas,
que os girassóis terão direito
a abrir-se dentro da sombra;
e que as janelas devem permanecer, o dia inteiro,
abertas para o verde onde cresce a esperança.

Artigo IV
Fica decretado que o homem
não precisará nunca mais
duvidar do homem.
Que o homem confiará no homem
como a palmeira confia no vento,
como o vento confia no ar,
como o ar confia no campo azul do céu.

Parágrafo único:
O homem, confiará no homem
como um menino confia em outro menino.

Artigo V
Fica decretado que os homens
estão livres do jugo da mentira.
Nunca mais será preciso usar
a couraça do silêncio
nem a armadura de palavras.
O homem se sentará à mesa
com seu olhar limpo
porque a verdade passará a ser servida
antes da sobremesa.

Artigo VI
Fica estabelecida, durante dez séculos,
a prática sonhada pelo profeta Isaías,
e o lobo e o cordeiro pastarão juntos
e a comida de ambos terá o mesmo gosto de aurora.

Artigo VII
Por decreto irrevogável fica estabelecido
o reinado permanente da justiça e da claridade,
e a alegria será uma bandeira generosa
para sempre desfraldada na alma do povo.

Artigo VIII
Fica decretado que a maior dor
sempre foi e será sempre
não poder dar-se amor a quem se ama
e saber que é a água
que dá à planta o milagre da flor.

Artigo IX
Fica permitido que o pão de cada dia
tenha no homem o sinal de seu suor.
Mas que sobretudo tenha
sempre o quente sabor da ternura.

Artigo X
Fica permitido a qualquer pessoa,
qualquer hora da vida,
uso do traje branco.

Artigo XI
Fica decretado, por definição,
que o homem é um animal que ama
e que por isso é belo,
muito mais belo que a estrela da manhã.

Artigo XII
Decreta-se que nada será obrigado
nem proibido,
tudo será permitido,
inclusive brincar com os rinocerontes
e caminhar pelas tardes
com uma imensa begônia na lapela.

Parágrafo único:
Só uma coisa fica proibida:
amar sem amor.

Artigo XIII
Fica decretado que o dinheiro
não poderá nunca mais comprar
o sol das manhãs vindouras.
Expulso do grande baú do medo,
o dinheiro se transformará em uma espada fraternal
para defender o direito de cantar
e a festa do dia que chegou.

Artigo Final.
Fica proibido o uso da palavra liberdade,
a qual será suprimida dos dicionários
e do pântano enganoso das bocas.
A partir deste instante
a liberdade será algo vivo e transparente
como um fogo ou um rio,
e a sua morada será sempre
o coração do homem.

Thiago de Mello
Santiago do Chile, abril de 1964

31 julho 2009

Resolução nº 1/1971 do TJ de São Paulo


- Criação de Serventias Registrais.

Após quase 40 anos da criação de mais 2 (dois) Ofícios de Registros de Imóveis na Capital do Estado de São Paulo, pela Resolução de nº 1 do Egrégio Tribunal de Justiça paulista, tomada no dia 29 de dezembro de 1971, pelo avanço do progresso, pela velocidade em que as coisas acontecem, pela urgência da transferência, modificação e criação de direitos, a população paulistana necessita de outros tantos.

Alguns Oficiais de Registros não acompanharam tal evolução; para ser claro, parece que pararam no tempo. Qualificar e registrar um único título pode levar 30 (trinta) dias, que é o tempo limite permitido pela Lei de Registros Públicos - outra também já ultrapassada, diga-se de passagem.

Seguindo a tradição, com a criação de pelo menos mais 2 (dois) Registros de Imóveis, os 19º e 20º (desmembrando-se alguns subdistritos) uma forte barreira será ultrapassada. Não quero aqui dar nome aos bois para não criar pânico, mas já há um forte rumor e trabalho sério, ao que se sabe, no sentido da criação desses novos Serviços Registrais.

No mínimo, a classe registradora, com a diminuição da receita de alguns de seus pares, certamente irá despertar para essa nova realidade. As coisas simplesmente acontecem; e acontecem não somente da noite para o dia, mas às vezes em horas. E a segurança jurídica necessita dessa resposta imediata.

Vide, por exemplo, o BacenJus e a mais moderna penhora online. Este clamor dos escritórios de advogados, imobiliárias, companhias securitizadoras, de créditos, bancos, factorings, particulares p. f. etc., já está ecoando nos corredores do TJ-SP.

Então, alguns Registradores devem deixar a advocacia para os advogados, a fé pública para os notários, as decisões para os magistrados e, efetivamente, desempenharem seus verdadeiros papéis de registradores. Evidentemente, sobrará mais tempo para se dedicarem à sua função, qualificando e registrando com seriedade, arrojo, profissionalismo e rapidez.


"Vejo que hoje, neste século que é a aurora da razão, ainda renascem algumas cabeças de hidra do fanatismo. Parece que seu veneno é menos mortífero e que suas goelas são menos devoradoras. O sangue não correu pela graça versátil como correu há muito tempo pelas indulgências plenárias, vendidas no mercado. Mas o monstro ainda subsiste e todo aquele que buscar a verdade arriscar-se-á a ser perseguido.

Deve-se permanecer ocioso nas trevas? Ou deve-se acender um archote onde a inveja e a calúnia reacenderão suas tochas? No que me tange, acredito que a verdade não deve mais esconder-se diante dos monstros e que não devemos abster-nos do alimento com medo de sermos envenenados." ( 'Início da Razão', in "O filósofo Ignorante", de VOLTAIRE)

02 fevereiro 2009

ALMA

Sei que eu não vou te convencer
e nem você vai me mudar
mas mesmo assim a gente vive
querendo provar e comprovar
seja como for, que deu certo o nosso amor.

É, bem melhor seria ver
que inda é tempo de parar
e que mais tarde
pode ser muto tarde
pra se recomeçar
que vai ser pior
isso tudo eu sei de cor.

Antes de andar com você
eu não era feliz
mas eu podia esperar e tentar,
eu podia sonhar
e eu procurei por você
por toda a minha vida
quando encontrei acertei, ou errei
eu só sei que não vou te convencer
e nem você vai me mudar
mas mesmo assim a gente vive
querendo provar e comprovar
seja como for, que deu certo o nosso amor.


(letra de Cacaso na belíssima composição de Eduardo Gudin).
- Comentário: Todo mundo deveria ouvir essa música (lp "Coração Marginal", de 1977 - Continental) e, depois, ver o casamento da letra do Cacaso (na voz de Márcia) no lp "Fogo Calmo das Velas" (de 1981, Continental): nunca vi uma combinação de tal nível; a música e a letra toca fundo, n´Alma.

05 novembro 2008

Gabriela - amizade etc.


G e n e r o s i d a d e
A m i z a d e
B e l e z a
R e a l e z a
I n t e l i g ê n c i a
E n c a n t o
L i b e r d a d e
A m o r

Gabriela, que o Sr. Jesus ilumine sempre o teu caminho.
Que haja luz na tua vida. Em todos os momentos.

Com carinho,

Silviano Floriano Fº

08 junho 2008

O Saci na Copa do Mundo 2014

Numa reunião ontem na Biblioteca Monteiro Lobato, nos lembramos de uma coisa: vem aí a Copa do Mundo (2014 tá longe, mas é bom começar logo) e com certeza os marketeiros e lobbistas vão querer inventar uma mascote besta que nem o tal de Cauê (aquele sol esquisito) dos Jogos Panamericanos. Que tal começarmos já uma campanha para que a mascote seja o Saci? Veja as vantagens: Primeiro, não seria preciso pagar direitos autorais a ninguém. No máximo, o que poderia ser feito é um concurso para cartunistas etc, para escolher o melhor desenho. E por que o Saci? - Ele é a síntese da formação do povo brasileiro: É o mito brasileiro mais popular, o único conhecido no Brasil inteiro (Boitatá, Curupira e mesmo a Iara requerem explicações quando a gente fala deles, em alguns lugares. O Saci não). É o típico brasileiro: mesmo pelado e deficiente físico, é brincalhão e gozador. E tem mais: - no início era um indiozinho protetor da floresta. Tinha duas pernas. - depois foi adotado pelos negros e virou negro. A perda de uma perna tem várias histórias. Uma delas é que ele foi escravizado, ficou preso pela perna, com grilhões, e cortou a perna presa. Preferiu ser um perneta livre do que escravo com duas pernas. É um libertário, então. - dos brancos, ganhou o gorrinho vermelho, presente em vários mitos europeus. O gorrinho vermelho era também usado pelos republicanos, durante a Revolução Francesa. Na Roma antiga, os escravos que se libertavam ganhavam um gorrinho vermelho chamado píleo. Só ná tem orientais nessa história porque eles chegaram mais tarde, já no século XX. Mas dizem que já foi visto um Saci de olhinhos puxados, no bairro da Liberdade, o Sashimi. Você pode entrar no sítio da Sosaci que tem um monte de histórias de gente que viu o Saci, inclusive esse Sashimi (é a quarta ou quinta história). Então, olha aí uma proposta, pedido, convocação ou sei lá o quê: entre nessa também. Se você topar, vai ser uma baita força. Ajude a divulgar esta idéia e, se tiver condições, escreva, fale com quem tem espaço na mídia para que declarem sua adesão nos jornais, revistas, rádio, TV, blogues etc. Já pensou o Saci em camisetas no mundo inteiro? Ele provocaria muito interesse dos outros povos para a cultura popular brasileira. Coisa que esses símbolos bestas (como o dos Jogos Panamericanos) não fazem. Um abração. Mouzar

09 janeiro 2008

Gabriela, meu amor

Gabi, Pedro e Júlia,
Saibam que o papai ama muito vocês.

04 outubro 2007

27 fevereiro 2007

Lei 11.441/2007 - Partilha Desequilibrada - Evicção

Caros amigos,

Saudações!

Realmente, que me perdoe o menos estudioso: há mais mistérios entre o céu e a terra do que sonha nossa vã filosofia; entretanto, o bom senso muitas vezes prevalece. Explico:

Nas vésperas de ser editada a lei de arrolamentos e divórcios extrajudiciais, numa roda de juristas de botequim, discutíamos sobre evicção de direito quando da partilha de bens, seja em decorrência de inventário ou da separação/divórcio. Tinha para mim que as partes deveriam ser advertidas da possibilidade de ser privada (tirada) daquele quantum que lhe tocou; o espanto era geral e a maioria acreditava que não caberia.

Ontem, manuseando um velho Silvio Venosa (edição de 1991) verifiquei que minha tese tinha fundamento: não estava sozinho. Nesse ponto sei que alguns poderão estar rindo ( o Miro acredita ter descoberto o ovo de Colombo…), mas, francamente, nesses últimos 25 anos de cartório não vi nenhum processo judicial, nenhumzinho, que garantisse ao herdeiro/ separando/ divorciando o direito de re-partilha no caso da evicção.

Quem tiver qualquer autor em casa poderá verificar, nos capítulos finais do curso sobre Direito das Sucessões, os comentários do Artigo 2.024 do novel Código Civil (antigo Artigo 1.802). Corri comprar um mais atualizado para conferir as “novidades” pós CC1916.

Em sua sexta edição (Atlas, 2006, v. 7), o douto Professor Silvio de Salvo Venosa diz que “feita a partilha, supõe-se que a igualdade tenha sido atingida. Por essa razão é que os artigos seguintes tratam da perda de algum bem hereditário por força da evicção.

“Se a perda do bem, por ato judicial, deveu-se à causa anterior à morte, ou à partilha, o herdeiro que recebeu esse bem não pode ser prejudicado. Todos devem suportar essa perda, uma vez que o conteúdo dessa atribuição desapareceu antes da abertura da sucessão.

E continua: “Daí a disposição (do art. em comento): “os co-herdeiros são reciprocamente obrigados a indenizar-se, no caso de evicção, dos bens aquinhoados”. Divide-se entre todos o prejuízo, já que o herdeiro que perde a coisa, não fosse essa regra, ficaria prejudicado, e a partilha prejudicada”. E segue com muitos detalhes, da indenização, do desconto, da insolvência dos co-herdeiros, do prazo prescricional etc.

“Concorrendo na herança com outros herdeiros, não pode (o herdeiro evicto) ser prejudicado pela má sorte (essa é a palavra-chave por mim utilizada quando da exposição etílica) de ter-lhe sido atribuído exatamente um bem nessas condições (a non domino)”.

Fica aqui, caros colegas, um tema para reflexão. Sem falsa modéstia, creio que esse assunto correrá a Rosa dos Ventos, ao menos esse é o meu desejo. Nesse interim, como de costume, ao menos aqueles que utilizarem os meus humildes serviços serão advertidos vez que a evicção poderá ser reforçada, diminuída ou excluída, conforme o estabelecido pelos interessados, sempre escudados pelos seus advogados.

Cordialmente,

Waldomiro Nogueira de Paula